terça-feira, 18 de setembro de 2012

Frei Leonardo Boff, teólogo, filósofo, escritor e Dr.Honoris Causa em política, pela Universidade de Turim por solicitação de Norberto Bobbio, escreveu em seu blog o texto [Manter viva a causa do PT: para além do “Mensalão”][1] no qual ele defende a necessidade de manter viva “a causa daqueles que vem da grande tribulação histórica sempre mantidos no abandono e na marginalidade” e que ele define como sendo a causa do PT.

Acerta enormemente o teólogo (por esforçada formação) ao defender que a causa precisa sim ser mantida viva, defendida, abraçada e revitalizada sempre, por questão de justiça liberdade, igualdade e fraternidade sociais, mas erra à superlação o político (talvez pela falta de formação, apesar da indicação) ao acreditar que essa é a causa do PT (embora possa até ter sido, de fato, um dia), ou pior: que tal sigla seja a única a defender tal causa; que seja o melhor exemplo de tal defesa ou ainda que seja o exemplo mais digno de personificar tal causa ou sua defesa.

Acerta, em parte, o Filósofo ao identificar um possível ataque da mídia e/ou de alguns meios de comunicação ao partido criado com a pretensão de representar os trabalhadores assentado no discurso da ética e da integridade (qual um Davi subnutrido do proletariado a enfrentar o Golias da Elite econômica e intelectual), mas erra, em duas partes, o escritor ao se lançar ao simplismo de acreditar que tal ataque tem por explicação principalmente as “Lutas de classe e o Conservadorismo de Elites Dominantes”, segundo ele próprio, já superadas e em desesperada tentativa de sobrevivência.

Não enxerga o escritor que “A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão” possa ser, sobretudo, uma resposta da sociedade (e não só da mídia) à falência moral do partido que se arvorou de último baluarte nacional da integridade e da ética, cujo líder, no comando da nação após tanto esforço, após tantos sonhos, tantas expectativas, disse em alto brado “Eu sou o homem mais ético desse país” (menosprezando a ética de brasileiros como Chico Xavier, Rubem Alves, Leonardo Boff, Frei Beto, Reguffe e tantos outros) enquanto articulava aos cochichos o mensalão que hora está sendo julgado.

Acerta o respeitável ancião ao dizer que nossas elites econômicas e intelectuais atrasadas são mais interessadas em defender seus privilégios do que garantir direitos a todos, como qualquer outra que pretende manter o status quo por estar na mesma posição, mas erra o homem ao não perceber que essa atitude, se era esperada vindo das elites, era inadmissível vindo do baluarte da “esperança nacional” (imagem criada pela própria sigla, aparentemente no início para congregar esforços legítimos de representações nobres, hoje para criar ilusão e justificar os fins).

Um partido que, se a princípio nasceu da periferia, com vocação a tábua de salvação dos menos providos da sorte por empenhado discurso de ética e integridade, bem cedo se viu na mesma bancarrota da politicagem partidária, que uma vez reconhecida pelos verdadeiramente éticos do partido, os obrigava a abandoná-lo por malogro das suas aspirações mais virtuosas.

O que o escritor, enganado em sua boa fé, não percebe ao analisar a veemência do rechaço ao mensalão (não só da mídia, mas da população mínimamente esclarecida, excluindo, por justiça, a militância cega de qualquer lado), é que aquilo que ele identifica por mero ataque ao PT é na verdade, por chegada a hora, um basta ao mercantilismo de baldroca político e à vergonhosa forjicação da política em nome de uma ética inexistente que, governo após governo, partido após partido, geração após geração, teima em tomar nossos sonhos, desejos e ansiedade de justiça social de assalto!

Deixo aqui algumas perguntas de quem nunca foi simpatizante de partido algum e é parte de uma geração mantida no analfabetismo político, fomentado pela Ditadura Militar, que muito tardiamente veio a se politizar, mas que é filho de uma classe média conquistada a muito suor e imolação por pais que saíram da roça sem medo de enfrentar o trabalho e os estudos ao sacrifício pessoal. Perguntas de quem é radicalmente contra o radicalismo (seja político, religioso, social, científico ou filosófico):

1)    Você REALMENTE acredita que Lula não sabia de nada em relação ao mensalão?
2)    Porque as REALMENTE boas lideranças do PT foram alijadas do partido (por vontade própria ou contra ela)? (Erundina, Luiza Helena, Marina Silva e tantas outras)
3)    Como pode um partido viver à sombra de um Deus-Homem a quem REALMENTE tudo se desculpa por estar colocado acima do bem e do mal?
4)    A quem REALMENTE aproveita a (des)qualificação da crescente aversão do Brasileiro à politicagem há muito praticada por todos os partidos como mero ataque ao PT por “questão de lutas de classe ou conservadorismo da elite dominante”?
Caráter não se vende, não se compra, não se relativiza.
Segue sugestão de importante Leitura sobre Caráter e Corrupção:

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